domingo, 19 de junho de 2011

O protagonismo do cooperativismo escolar

Como falar de cooperativismo sem pensar no quinto princípio? Educação, formação e Informação foram determinantes para o sucesso dos pioneiros de Rochadale, cujos protagonistas fomentaram antes e principalmente após a constituição da cooperativa de consumo. Se a causa de tantos insucessos, pobreza e concentração de riquezas nos séculos XVIII e XIX, podem ser atribuídos à falta de instrução educacional e desinformação de trabalhadores e camponeses e, por outro lado, o desejo de acúmulo de riquezas por parte da burguesia da época, o cooperativismo nascente não poderia abster-se da luta pela justiça social e de condições dignas de vida para todos. A educação, formação e informação surgem como ingredientes indispensáveis ao desenvolvimento e ao progresso e são encorajados até hoje através dos princípios que regem o cooperativismo. As cooperativas escolares, iniciativas existentes na América do Sul, especialmente no Brasil e Argentina, apresentam essas características. Nelas os alunos se associam voluntariamente e aprendem cooperativismo. Evidentemente que esse trabalho deve ser apoiado e orientado pelas instituições de ensino e organismos fomentadores da educação cooperativista. Na prática, é necessária a presença de profissionais para acompanhar e orientar as ações da cooperativa escolar, geralmente formada por associados do Ensino Fundamental e Médio.
A visão de que as cooperativas escolares são um laboratório de aprendizagem do cooperativismo é um discurso muito presente e concreto na Escola Técnica Bom Pastor, Instituição de Ensino da Educação Básica e Profissinal da capital brasileira do cooperativismo, Nova Petrópolis. Nesse sentido, é possível demonstrar algumas ações dessa proposta. Primeiro, as cooperativas escolares não visam apenas prestar um serviço ou produzir algo, mas acima de tudo, está o aprendizado nas práticas de gestão, de funcionamento, de elaboração de atas, controle de caixa, condução de reuniões e assembléias, postura dos dirigentes na realização dos serviços da cooperativa, promoção do diálogo, respeito às diferenças de idéias, credo, religião, partidos políticos e etnias, por exemplo. Segundo, que o modo que essas atividades vão se desenvolvendo, os associados estudam o cooperativismo com ênfase para os valores, os direitos e deveres, os princípios, a história, a organização do quadro social e são estimulados a criar e conduzir a cooperativa com autonomia responsável. Terceiro, os associados dirigentes da cooperativa escolar passam a ter contato com outros dirigentes de cooperativas, órgãos de representação do cooperativismo, políticos e autoridades cooperativismo local, regional e até mesmo global, como foi o caso do encontro da Dame Pauline Green, presidenta da Aliança Cooperativa Internacional. Por fim, é facilmente constatável pela impressa e em visitas às escolas que o cooperativismo escolar está em franco desenvolvimento em Nova Petrópolis e municípios vizinhos. Além disso, nota-se que as características das cooperativas escolares de Sunchales são reproduzidas, adaptadas e impulsionadas em Nova Petrópolis com o mesmo vigor e determinação que os pioneiros do cooperativismo de crédito da América Latina deram quando fundaram sua primeira Caixa Rural, hoje Sicredi Pioneira. Parabéns ao cooperativismo escolar, protagonista de uma escola cidadã.

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