Edgar Morin organiza o livro “Ciência com
Consciência” em duas partes. A primeira delas é denominada “Ciência com
Consciência” e a segunda “Para o Pensamento Complexo”. Nas duas partes da obra o autor a compartimentaliza, como nas ciências. Talvez para poder tornar a obra
didática e agradável a uma leitura mais cuidadosa, mas com os riscos que as
ciências clássicas oferecem ao seccionar os conteúdos, como se eles não se
relacionassem.
Inicialmente o autor vai expondo a importância das ciências para em seguida apontar suas contradições. Segundo Morin “(...) essa ciência elucidativa, enriquecedora, conquistadora e triunfante, apresenta-nos, cada vez mais, problemas graves que se referem ao conhecimento que produz, à ação que determina, à sociedade que transforma. Essa ciência libertadora traz, ao mesmo tempo, possibilidades terríveis de subjugação”.p.16
Inicialmente o autor vai expondo a importância das ciências para em seguida apontar suas contradições. Segundo Morin “(...) essa ciência elucidativa, enriquecedora, conquistadora e triunfante, apresenta-nos, cada vez mais, problemas graves que se referem ao conhecimento que produz, à ação que determina, à sociedade que transforma. Essa ciência libertadora traz, ao mesmo tempo, possibilidades terríveis de subjugação”.p.16
Morin estabelece sua preocupação, no meu ver,
em relação às especializações na medida em que elas se distanciam do todo
valorizando o anonimato, a disjunção. Uma ferrenha crítica de Morin consta na
primeira parte desta obra principalmente quando ele afirma que “O espírito
científico é incapaz de se pensar de tanto crer que o conhecimento científico é
o reflexo do real” p.21. Mais adiante, ele acrescenta. “O princípio de
simplificação, que animou às ciências naturais, conduziu às mesmas admiráveis
descobertas, mas são as mesmas descobertas que, finalmente, hoje arruínam nossa
visão simplificadora” p. 28.
No término da primeira subdivisão, da primeira parte,
Morin chama atenção da existência de dois deuses nas ciências empíricas. “O
primeiro é o da ética do conhecimento, que exige que tudo seja sacrificado à
sede do conhecer. O segundo é do da ética cívica e humana”. p.36.
Pensando o papel do professor, nesse contexto, podemos nos perguntar. São eles
responsáveis por disseminar, mesmo que inconscientemente, a lógica de mercado
nas práticas de sala de aula? A escola, ao organizar o currículo em
disciplinas, estará seguindo as práticas fordistas de produção de conhecimento
em escala? Será possível, ao simplificar os processos de aprendizagem através
do uso de calculadoras e computadores, por exemplo, garantir o sequenciamento
da produção do conhecimento sem os riscos do desconhecimento dos fundamentos
desse mesmo saber? A escola “fordista” de hoje estará preocupada em apresentar
ao corpo discente a interrelação dos saberes e seus significados? E para não
finalizar podemos perguntar. A escola é um espaço de alegria?
Fonte: Morin, Edgar. Ciência com Consciência. Trad. Maria D. Alexandre e Maria Alice Sampaio Dória. Rio de Janeiro: Bertand Brasil, 2008.