terça-feira, 22 de junho de 2010

Ricos e pobres na mesma comunidade


No tempo do Império Romano, a sociedade estava organizada de forma piramidal. Quanto mais alto, mais rico e menos pessoas. Os pobres ficavam, portanto, na base da pirâmide. Nesse sentido, o cristianismo era imaginado como sociedade alternativa. Por outro lado, o problema político estava intimamente ligado a um problema econômico.

No mundo antigo, nunca ricos e pobres se encontravam em reuniões, assembleias ou associações. A assembleia política da cidade reunia unicamente os ricos. As associações particulares reuniam sempre pessoas da mesma camada social. Jamais os ricos aceitavam sentar com os pobres. Por isso as comunidades paulinas, por exemplo, eram uma novidade absoluta, pois ricos e pobres comiam à mesma mesa. Devia ser realmente um fenômeno extraordinário. Seria o mesmo que ver latifundiários ou grandes industriais sentando à mesa com os mendigos.

Os pobres em Roma e nas cidades helenistas eram mantidos com recursos públicos, mas isso não acontecia nas cidades não helenizadas. No entanto, o problema do cristianismo era a triste realidade de que os ricos não se interessavam pela causa dos mais pobres.

Mas, o que significa ser rico e ser pobre no mundo de Lucas? No Oriente do século I, os ricos eram os grande os proprietários. A terra era a fonte de renda econômica, do prestígio e do poder político. A aristocracia agrária não morava no campo, mas nas cidades. Eles exerciam o poder político dentro da Assembleia dos homens livres, como os grandes proprietários do mundo grego. Essa aristocracia rica era, no entanto, pouco numerosa. Os pobres, por sua vez, eram uma categoria muito numerosa e que, na compreensão de Lucas, significava mendigo. Nas cidades do oriente, eram os mendigos que sobreviviam ou vegetavam como podiam. Como exemplos dessa categoria social temos os cegos, aleijados, velhos, crianças abandonadas, mulheres abandonadas, viúvas, doentes, desempregados, débeis mentais, os biscateiros, trabalho de jornaleiro sem segurança de emprego no outro dia e meninos de recados. Outra categoria triste era a dos maus pagadores: os que não podiam pagar as suas dívidas e eram reduzidos a uma situação de quase escravidão.

A visão de Lucas sobre os pobres e ricos se dá, portanto, a partir da sua comunidade, da realidade em que ele vivia. E uma possível solução para a eliminação dessas diferenciações são encontradas no livro dos Atos Apóstolos. Segundo essa fonte bíblica, a solução dos problemas de concentração de renda e diferenciação de classes sociais está na comunhão fraterna de bens. Através da comunhão fraterna, os ricos sustentam os pobres; suas posses, suas rendas são colocadas para serem desfrutadas em comum. Fonte: (At 2, 42-47; 4, 32-35)

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