domingo, 27 de março de 2011

Entre Linhas

No Entre Linhas, vou refletir os acontecimentos políticos mais recentes como a vinda do Presidente dos Estados Unidos ao Brasil e algumas preocupações ligadas a segurança energética.

Com todo o respeito e admiração que os governantes estrageiros possam ter pelo nosso país e nós por eles é incrível como os brasileiros aplaudem com naturalidade um discurso dirigido a todos, como aquele proferido por Barack Obama no Rio de Janeiro. Aliás, se fosse a Presidenta Cristina Elisabet Fernández de Kirchner, da Argentina, ou qualquer outro mandatário internacional, teríamos a mesma reação? O que quero sublinhar é nossa a submissão inconsciente em relação ao poder americano como guardião da democracia e da ordem mundial. Quando vi a imagem do Obama naquela tenda, provavelmente instalada dentro do hotel em que estava hospedado no Rio de Janeiro, me lembrei das aulas de história em que aprendíamos que os Imperadores Romanos também utilizavam tais tendas, não a prova de escuta telefônica, é claro, mas para decidir geralmente sobre a realização de guerras e outras negociações importantes. Outro ponto que quero destacar é o tema da energia nuclear. O Japão foi duramente afetado pelas bombas de Hiroshima e Nagasaki, o que levou ao fim da Segunda Guerra Mundial e a rendição incondicional daquele país em 15 de agosto de 1945. Se não bastasse as duas bombas (6 e 9 de agosto daquele ano) a energia nuclear foi escolhida para dar conta da demanda energética daquele país. Mas, por que a energia nuclear? Se olharmos para o Japão, tão pequeno do ponto de vista geográfico e tão grande do ponto de vista econômico e cultural, vimos que é abatido, uma vez mais, pela radiação! Lá nós não vamos encontrar em abundância, como no Brasil, recursos hídricos, sol, vento, carvão mineral e petróleo para transformar em energia. Nesse caso, até podemos entender a escolha deles, embora eu não as compreenda. O Japão é um país milenar e só na segunda metade do século XX precisou da energia nuclear! Além disso, não é risco demais instalar usinas nucleares num país cortado por quatro placas tectônicas? As consequências de um desastre nuclear é muito mais grave do que outras fontes de energia. Por que não encher o mar do Japão de hélices geradoras de energia e instalar em cada habitação uma fonte geradora de energia doméstica? Por que a inteligência não é convertida em sabedoria? Salvaguardar vidas e fazer o país crescer com sustentabilidade parecem não ser tão importantes assim, pois, segundo especialistas, são muito caras ou de resultados duvidosos. Diante dessas incertezas, valem mais as usinas nucleares ou a vida das pessoas? Em nosso país, para justificar a continuidade do projeto nuclear brasileiro, uma alta autoridade da Eletronuclear afirmou que só há risco zero em terremotos e tsunamis, porque esses eventos, em tese, não ocorrem no Brasil. Mas, como construíram as duas usinas brasileiras a prova de terremotos e até a queda de aviões de grande porte? Além disso, a questão não é o risco em si, mas suas reais consequências. Se ocorrer o rompimento de barragem de uma usina hidrelétrica teremos, provavelmente, a destruição do meio ambiente e do espaço geográfico em áreas limitadas; mas, as consequências de um vazamento nuclear são muito mais graves e destrutivas. Por isso, a energia nuclear deve ser limitada. Só imagino a energia nuclear destinada à medicina. Somente para essa finalidade. O Brasil deveria liderar o mundo com exemplos de como podemos aproveitar a energia que está facilmente disponível na natureza. Precisamos refazer as prioridades e forjar uma visão de mundo menos submissa e mais participativa. Para concluir, sem concluir, fico imaginando a energia solar coletada no sertão nordestino, a energia eólica oriunda de nosso vasto litoral e de pontos altos e ventosos de nossas terras e as pequenas hidrelétricas instaladas em nossos rios com corredeiras. Todos esses empreendimentos, além de gerar baixo impacto ambiental, poderiam alavancar o crescimento do país de maneira mais distributiva.

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