domingo, 20 de fevereiro de 2011

Heidegger: “Ser-para-a-morte”

Num outro dia escrevi alguns rabiscos sobre a felicidade. Hoje, depois de participar da dor de uma amiga que perdeu seu pai, decidi ensaiar algumas construções sobre a morte. Nesta minúscula dissertação, busco em Heidegger, filósofo alemão dos séculos XIX e XX, as primeiras ideias. Segundo ele, o “existir humano consiste no lançar-se contínuo às possibilidades, entre as quais justamente a situação-limite da morte”. Para esse filósofo existencialista, a condição humana está inevitavelmente voltada para “ser-para-a-morte”. Tal situação provoca angustia, pois nos colocamos diante do nada ou do desconhecido. A fé, nesse caso, surge para nos confortar e nos propor a convicção da imortalidade. Por outro lado, a angústia, ao contrário do medo, nos ajuda a construir uma vida consciente de sua finitude e de sua beleza. A morte, a partir desse horizonte, não é vista como acontecimento dos Outros, mas algo que também me diz respeito. Para concluir, sem concluir, proponho ouvirmos o poeta Manoel Bandeira.
“Consoada”
Quando a indesejada das agentes chegar
(Não sei se dura ou caroável),
Talvez eu tenha medo.
Talvez sorria, ou diga:
-Alô, iniludível! O meu dia foi bom, pode a noite descer.
(A noite com seus sortilégios)
Encontrará lavrado o campo, a casa limpa,
A mesa posta,
Com cada coisa no seu lugar.

Fonte do poema: BANDEIRA, Manuel. Estrela da vida Inteira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2007.
HEIDEGGER, Martin. Ser y Tiempo (Vídeo)

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